Mística, Imaginário e Simbologia

Mística

A descoberta da Terra Prometida: o Ex­plorador/Moço reconhece Deus na sua vida e aceita a Aliança que este lhe pro­põe, pondo-se a caminho tal como o Povo do Antigo Testamento.

Depois da descoberta do Criador atra­vés da obra criada – muito em especial da Humanidade, criada à imagem e se­melhança de Deus –, segue-se o acolhi­mento da relação de Deus com os Ho­mens. Esta relação tem em Deus a sua origem, e materializa-se no firmamento de uma aliança. A Aliança que Deus pro­põe aos homens é, num certo sentido, desigual, na medida em que, não obs­tante a eventual infidelidade do Homem, Deus não deixa de ser fiel à sua Aliança. Deus oferece à Humanidade a possibi­lidade de viver em paz e felicidade, com uma descendência incontável, na Terra Prometida. Essa é a grande promessa do Antigo Testamento.

Há um caminho a percorrer. Esse caminho tem obstácu­los, pode ser mesmo muito difícil, pode parecer intransponível mas, com a ajuda de Deus, é possível chegar à Terra onde «mana leite e mel» (Ex 3,8).

A Terra Prometida é uma imagem da vida em abundância prometida por Cris­to (Jo 10,10). O Explorador e o Moço têm – como não podia deixar de ser – Cristo Jesus como Modelo supremo e como Meta a alcançar.

Para um Explorador/Moço, a Terra Prometida personifica a realização de tudo aquilo que o faz feliz. À medida que for crescendo, irá perceber que tudo de­pende da relação pessoal com Cristo, o Salvador de todo o género humano.

O Explorador/Moço reconhece Deus na sua vida e aceita a Aliança que este lhe propõe, pondo-se a caminho tal como o Povo do Antigo Testamento. Deus oferece a garantia da Sua protecção paternal e aponta-lhe o caminho da Terra Prometida. No caminho, está Jesus Cristo, a figura com que o Explorador/Moço mais se identifica. Dada a sua tendência para preferir os heróis que se batem por causas nobres, Jesus, além de muitas outras coisas, é um excelente exemplo a seguir. Pode ser, sobretudo, fonte de inspiração: o Explorador quer ser como Cristo e descobrir a Terra Prometida que Ele vem no mundo inaugurar. Jesus é, assim, aquele que indica a ‘Terra Prometida’, o exemplo máximo que o Explorador pode aspirar a seguir.

Imaginário

O Imaginário da segunda Secção é o Explorador, que parte à descoberta do des­conhecido.

A «des­coberta do desconhecido» tem como grande objectivo proporcionar uma des­coberta de si próprio e dos outros no «caminho a percorrer», que conduza à descoberta do amor de Deus.

Simbologia

A simbologia ajuda-nos a perceber a identidade dos Exploradores. O imaginário da segunda secção gira todo à volta do Explorador, aquele que parte à descoberta do desconhecido.

Como símbolos, a secção terá a Flor-de-Lis, a Vara, o Chapéu, o Cantil e a Estrela.

A FLOR-DE-LIS – é o símbolo do escutismo de que o explorador é a imagem mais facilmente reconhecida (atépela tradução da palavra inglesa scout, por exemplo). Nas três folhas da flor-de-lis reconhecemos os três princípios do escutismo, e os três compromissos assumidos na fórmula da promessa escutista. A flor-de-lis é, também, símbolo de rumo, indicando o norte nas cartas topográficas e de marear. É portanto um auxiliar básico de alguém que pretende descobrir o mundo.

A VARA – é um símbolo facilmente associado ao imaginário do escuteiro dos primeiros anos da fundação e, por outro lado à simbologia de São Tiago, Maior, o peregrino. A Vara do escuteiro tem um conjunto alargado de utilidades, de onde se destaca o auxílio, à caminhada, à progressão da marcha, na navegação, no ultrapassar de obstáculos, em relação aos perigos e às adversidades. Simboliza assim a solidariedade e o progresso.

O CHAPÉU – é símbolo da protecção. Protecção do sol, em primeira análise, mas também do frio, da chuva, etc.
É ainda associado à imagem que temos do próprio B.-P., que se preocupou em arranjar um chapéu para os escuteiros antes de mais nada. Também São Tiago é reconhecido pelo chapéu que caracteriza o traje do peregrino, especialmente no contexto dos caminhos de Santiago de Compostela.

O CANTIL – é ao mesmo tempo símbolo da responsabilidade – andar sem água não é inteligente -, na sua vertente de depósito, mas é também símbolo de coerência, de estar preparado, como pedia B.-P.. Está associado também à sede de conhecimento, à sede de descoberta e de acção, característica do explorador. A cabaça, associada à imagem de São Tiago Maior é, também, ou, acima de tudo, um cantil.

A ESTRELA – é símbolo da orientação. A Estrela Polar e o Cruzeiro do Sul são referências de orientação, especialmente de noite, quando é mais difícil seguir um rumo. Todos os grandes exploradores recorreram a elas para concretizar os seus sonhos. São pilares na imensidão do céu, sinal da grandeza de Deus, que nos transmitem a segurança da fé, e a certeza do sucesso. Foi uma estrela, que segundo a lenda permitiu encontrar o túmulo do Apóstolo São Tiago e é lá, no Campo da Estrela – Campus stella, Compostela – que permanecem os seus restos mortais. A vieira, símbolo jacobeu, é, também, de certa forma, uma estrela. Além disso, do ponto de vista bíblico, a estrela evoca ainda a Aliança de Deus com Abraão, em que lhe promete uma descendência mais numerosa que as estrelas do céu, imagem do Povo que Deus escolheu para Si, do qual também nós somos parte.

Os Exploradores são chamados a seguir o exemplo de algumas figuras bíblicas e santos que serão também para eles modelos de vida: Abraão, Moisés, David, Sto. António, Sta. Isabel de Portugal, bem como, o exemplo de grandes Exploradores como Fernão de Magalhães, Ernest Shakleton, Neil Armstrong, Gago Coutinho, Sacadura Cabral, Jacques Cousteau, Dian Fossey, Infante D.Henrique, Rosie Stanset, etc.